A pura vida da Costa Rica by Aline Fischmann e Fernando Brasil

A Costa Rica me ganhou em apenas duas semanas. Não sei dizer exatamente o que foi: o povo educado e solícito, as estradas no meio do mato, os bichos que atravessam o nosso caminho ou o sol que se põe no mar.

Tendo morado nos EUA e na Espanha, não sabia muito bem o que esperar da América Central. Claro que eu tinha a fantasia de praias paradisíacas, comidas maravilhosas e do sol constante, mas agora eu sei que a Costa Rica é muito mais do que isso.

IMG_4416

“Pura vida” é o slogan oficial do país e não podia ser diferente. O que falar de um lugar onde a expressão “con mucho gusto” quer dizer um simples “de nada”? O povo costa-riquenho já entendeu que vive do turismo, e adora isso.  Não importa se só entramos no restaurante pra olhar o cardápio, achamos caro demais e saímos de canto, a hostess vai dar um jeito de nos cumprimentar, perguntar da onde somos, e ainda arranhar um “obrigada” em português pra nos agradar. Tudo isso com um sorriso enorme de satisfação no rosto.

IMG_4443

Além da simpatia e do carisma, o povo é trabalhador e esforçado. Isso ficou evidente quando vimos que até o vendedor de coco na beira da praia falava inglês. O garçom falava inglês e português fluentes e quem não era fluente, se esforçava muito. A primeira pergunta que ouvíamos quando entrávamos e qualquer lugar, era: “Olá, hablan español o inglês?”. Resumindo, não tivemos nenhum problema pra nos comunicar lá, bem pelo contrário.

Preços

A maior parte do turismo lá é de americanos, por isso os preços aparecem sempre em Colones (moeda local) e também em dólar. Em função do dólar alto (estava R$4,20 quando fomos) tudo nos pareceu caro: a comida, presentinhos, tours… Mas para os americanos e europeus é bem barato (almoçávamos por US$12,00, por exemplo).

Burocracias

A única exigência é a vacina contra febre amarela validada pela Anvisa.

Nota do surfista

A viagem durou 12 dias, mais um dia de deslocamento. Fui com meu namorado (o Fernando)e, como ele surfa, fizemos um pacote fechado em uma agência especializada em surf trips aqui no Brasil. A Costa Rica tem apenas duas estações predominantes: a seca, de dezembro à março; e a chuvosa de abril a novembro.

A época ideal para as ondas no lado do Pacífico é de abril a novembro, durante a estação de chuvas, mas nem por isso a viagem foi menos agradável! Mesmo com ondas pequenas (entre 2 e 4 pés), a formação era sempre boa no período da manhã devido ao vento terral que soprava todos dias até cerca de 13h.

Voos

Nosso voo de ida e de volta teve escala em Lima, foram 5h de Porto Alegre até lá e mais 4h de Lima até San José. Fomos com a empresa Taca e foi bem tranquilo, sem atrasos e sem problemas com a bagagem.

Roteiro

O pacote consistia em 3 hotéis em 3 cidades/regiões diferentes + aluguel de carro + passagens aéreas. Gostaríamos de ter feito open voucher, mas como o período que fomos é alta temporada, é muito difícil conseguir esse tipo de pacote.

Nosso roteiro foi o seguinte:

-3 dias em Playa Hermosa, Jacó;

-2 dias em La fortuna, Arenal;

-7 dias em Playa Avellanas, Tamarindo;

A viagem foi pensada em lugares com onda, mas também com estrutura legal pra mim. Não podia ser mais perfeito: os três lugares são completamente diferentes, então pudemos conhecer um pouquinho de cada região. Fizemos todas as viagens entre as cidades de carro, e elas não duraram mais de 3h30 (e teriam durado menos ainda se as estradas não fossem uma montanha russa!). Mas até essa parte nós adoramos: vimos o jeito como as estradas foram projetadas para impactar o mínimo possível na natureza, paramos em fruteiras na beira da estrada, passamos por uma ponte cheia de crocodilos… Com certeza indico para quem for que alugue um carro.

Crocodilos everywhere
Crocodilos everywhere
Crocodilos everywhere
Crocodilos everywhere

Playa Hermosa

Playa Hermosa fica a mais ou menos 15 minutos do centro de Jacó e é diferente de tudo que nós já tínhamos visto. Ela tem areia preta feita da lava vulcânica sedimentada. O contraste da areia com a água azul claro transparente deixa a praia com um visual hipnotizante. A praia em si tem pouca estrutura (alguns mini mercados e restaurantes da beira da estrada e alguns hotéis e casas para alugar), mas todos bem espalhados pela praia, então ela sempre parecia meio deserta, o que eu adorei. O hotel que fiquei se chama Tramonto e é a coisa mais fofa! Ele fica na beira da praia e é um dos mais afastados da estrada, então parecia uma praia particular.

Café da manhã tradicional no hotel
Café da manhã tradicional no hotel
Caminho do hotel até a praia
Caminho do hotel até a praia
Playa Negra só nossa
Playa Hermosa só nossa

A dinâmica em Playa Hermosa era basicamente passar o dia na praia e ir jantar em um restaurante bonitinho no centro de Jacó. Como a região tem muitos hotéis e pousadas, o centro é lotado de restaurantes. Nós procuramos comer cada dia num lugar diferente e foram todos maravilhosos. Destaque para o restaurante Taco Bar que tem um cardápio a la carte combinado com um buffet de saladas e acompanhamentos. Além dos restaurantes, o centro é lotado de lojas de souveniers, impossível resistir às carrancas de parede e lagartos esculpidos na madeira.

IMG_4442

Além das praias, a região de Jacó tem muitas coisas pra fazer, principalmente atividades na floresta. Nós fizemos rapel e canopy e foi sensacional! Com certeza um dos pontos altos da viagem.

Como o sol se põe cedo, mais ou menos às 17:30, nós costumávamos dormir cedo e acordar cedo pra aproveitar o dia. Outra dica importante é reservar o horário das 17:30 às 18:00 pra ver o pôr do sol na beira do mar. Vou deixar as fotos falarem por mim.

IMG_4425

IMG_4418

Em Playa Hermosa se pode surfar literalmente sozinho, devido à extensão da praia e os diversos picos que ela oferece. O Fernando chegava a procurar pessoas para surfar junto apenas para conseguir se situar melhor no line up e porque se sentiu mais confortável no mar com pelo menos algumas pessoas por perto. Mas não surfou com mais de 4 pessoas durante o período que estivemos lá.

La Fortuna

La Fortuna é uma cidadezinha que fica na região de Arenal. Ela é conhecida por ter sido planejada em volta do vulcão Arenal, então é possível ver o vulcão no fundo da paisagem em praticamente qualquer ponto da cidade. A viagem de Jacó até La Fortuna foi uma atração à parte.

"Freeway" da Costa Rica
“Freeway” da Costa Rica
Biscoito de coco vendido na beira da estrada
Biscoito de coco vendido na beira da estrada
Vulcão Arenal visto ao fundo
Vulcão Arenal visto ao fundo

Antes mesmo de chegar na cidade já pudemos perceber o clima serrano e completamente diferente da praia. Na estrada tinha muita neblina e era pelo menos 10 graus mais frio do que estávamos acostumados. Quando chegamos o nosso pensamento foi o mesmo: parecia Gramado. A cidade é pequena mas toda bonitinha, ela tem uma praça central e todas as lojas e restaurantes ficam em volta dela, além da igrejinha no meio, claro.

Galeria de arte em La Fortuna
Galeria de arte em La Fortuna
Prato típico: "casado"
Prato típico: “casado”

Por ser uma região vulcânica, uma das atrações da cidade são os parques de águas termais, mas nós acabamos não indo em nenhum em função do pouco tempo na cidade, e demos prioridade para visitar a Catarata La fortuna.

O passeio até a catarata valeu muito a pena, é realmente muito bonito e só se paga a entrada, não é necessário guia ou excursão.

IMG_4423

IMG_2186

Nosso hotel em La Fortuna se chamava Arenal Volcano Inn e ele é a cara de Arenal, com direito a Jacuzzi e pizzaria no próprio hotel. Sem falar nos quartos que parecem casinhas de hobbit.

IMG_4427

Playa Avellanas

Playa Avellanas fica perto da cidade de Tamarindo, e lá a dinâmica foi parecida com Jacó e Playa Hermosa: passávamos o dia na praia ou em praias próximas, e a noite íamos jantar em Tamarindo. A diferença é que Tamarindo não é “roots” que nem Jacó. Lá vimos resorts 5 estrelas, restaurantes chiques e baladas, mas por incrível que pareça, o clima era muito casual e despojado, saímos de havaianas todos os dias pra jantar.

O hotel em Playa Avellanas se chamava Cabinas Las Olas, os quartos eram casinhas independentes que nós dividimos com os lagartos que moravam no telhado. Além dos lagartos, também dividimos as instalações do hotel com bugios e esquilos que circulavam livremente pelas árvores.

IMG_4441

IMG_4419 IMG_2444[1]

A praia de Avellanas era um pouco mais movimentada que as outras, principalmente nos finais de semana, mas isso não me impediu de tentar surfar com um longboard.

IMG_2384[1]

Como Avellanas era nosso último destino, resolvemos comer bem e comprar os presentes que faltavam e não faltaram opções! Comemos sushi, comida tailandesa, nachos e pizza, tudos na mesma rua (em dias diferentes, claro).

Para quem gosta de surfar, Avellanas é uma praia com cerca de 1,5 km de extensão com vários pointbreaks ao longo dela. E o que melhor funcionou com as ondas pequenas era a chamada “Boca del Rio”, uma bancada de pedra que quebra um triângulo para os dois lados, com a direita terminando em um canal e a esquerda terminando sobre uma bancada bem rasa, que na maré seca uma pedra fica exposta, então era preciso tomar cuidado quando se ia para esse lado.

Sendo assim, o que eu posso dizer sobre a Costa Rica é que vale a visita em qualquer época do ano. Para os surfistas, é possível aproveitar mesmo com ondas pequenas, a água é sempre quente, as praias sempre lindas e o povo sempre hospitaleiro.

IMG_2192[1]

IMG_2008[1]

By Aline Fischmann e Fernando Brasil

Aline tem 23 anos, é publicitária e apaixonada por viajar, ler, praia, e mais recentemente, pela Costa Rica. Fernando tem 30 anos, é publicitário e apaixonado por surf e pela Aline (hehe).

Leave a Response

EN PT