Bariloche para um ou para vários – by Jéssica Mazzola

Bariloche é um destino que pode agradar diferentes amantes de viagem. Escolhi viajar para terras portenhas porque essa seria a minha primeira vez totalmente sozinha no mundo, então optei por um local mais perto de casa, com moeda mais em conta e um destino que poderia ser bem explorado com os poucos dias que eu tinha disponível. E eu não poderia ter acertado mais nessa escolha!

Eu na parada do catamarã Cau Cau no Bosque de Arrayunes

Para chegar até a cidade é necessário fazer conexão em Buenos Aires, o que para quem não conhece a cidade, pode ser uma forma de aumentar os dias viajados passando um momento por ali. A dica é escolher voos que sigam para o aeroporto Aeroparque. Esse é o aeroporto mais central, com mais opções de alimentação e mais perto da cidade em si, para quem quiser aproveitar as horas de espera. Lembrando que com a Argentina faz parte do Mercosul, somente é necessário seu passaporte ou carteira de identidade em bom estado para entrar no país.

A cidade de Bariloche tem o turismo como sangue nas veias, o município não teria vida se não fossem seus queridos turistas passeando pelo centro da Rua Mitre. Tanto que, atualmente, a cidade vem sofrendo com a diminuição de tráfego por lá, já que a neve ainda não chegou esse ano. Um local que tem como atração turística principal no inverno a neve e as montanhas frias para esportes radicais tem sofrido bastante desde 2015 com estações mescladas e temperaturas medianas, impossibilitando a vinda da tão aguardada neve.

Parte baixa da cidade, na beira do lago Nahuel Huapi
Parte baixa da cidade, na beira do lago Nahuel Huapi

Mas como meu foco era conhecer um pouco de tudo, isso não me desanimou. O bom de lá, também, é que para quem quiser visitar a região no verão terá diferentes atrações para aproveitar, como trilhas, acampamento, rafting, cavalgadas. Uma grande curiosidade e que pode assustar é que a cidade tem um amanhecer bem “tardio” comparado ao que estamos acostumados. No inverno, o sol sai a partir das 9h da manhã! Então, se você estiver tomando café da manhã com o céu escuro, não se preocupe que isso já se resolve.

Base do Cerro Catedral, local onde fiz aulas de ski com neve artificial já que não nevou esse ano no local ainda!
Vista do ponto mais alto do Cerro Viejo, um parque em que se sobe de teleférico e se desce a montanha de tobogã.

A cidade se divide basicamente em duas grandes regiões: o Centro Cívico, onde está todo o comércio, gastronomia, agências de viagem, câmbio, aluguel de roupas de neve; e a Avenida Bustillo, a principal avenida que liga o centro da cidade com as montanhas de neve, hotéis mais requintados, spas e portos.

Centro Cívico

Para quem não planeja alugar um carro, a dica é ficar pelo centro para poder aproveitar tudo mais perto. Mas se a sua ideia é ter luxo em sua estadia, os melhores hotéis estão mais afastados e oferecem alguns serviços de táxi para locomoção. Os ônibus coletivos da cidade são muito fáceis de pegar, tem linhas específicas para cada local e custam barato para quem quer explorar as regiões sozinho. Eu fiquei em um hostel, o que é muito comum na cidade também. No Hopa Home Patagonia Hostel tive uma ótima experiência: local muito limpo, organizado e perto de tudo.

Vista da bahia do lago Nahuel Huapi, ele costeia toda a cidade e proporciona um incrível pôr do sol

 

Topo do teleférico no Cerro Bayo onde fiz skibunda e pude ver a neve de verdade
À bordo do catamarã Cau Cau, indo para o Bosque de Arrayunes
À bordo do catamarã Cau Cau, indo para o Bosque de Arrayunes

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Os passeios são muito variados. Tem a linha mais família, que é o city tour Circuito Chico que te leva para conhecer algumas igrejas, vistas da cidade e comércios locais; tem os pacotes que são vendidos nas agências que levam para a Villa Angostura, uma vila próxima ao porto com uma vista incrível; tem o passeio de barco até a Ilha Vitoria, que é um catamarã que te leva até a ilha para a visitação do espaço natural com trilhas leves e uma paisagem maravilhosa, sem falar da possibilidade de alimentar gaivotas que te seguem pelo caminho no barco e garantir fotos muito engraçadas.

Viajando pelo Circuito Chico, city tour mais clássico
Viajando pelo Circuito Chico, city tour mais clássico
Porto para Playa Brava, na Villa Angostura
Porto para Playa Brava, na Villa Angostura
Gaivotas voando ao nosso lado no catamarã Cau Cau indo para Isla Victoria
Gaivotas voando ao nosso lado no catamarã Cau Cau indo para Isla Victoria

Para quem quer mais aventura, todas as montanhas, chamadas cerros, possuem trekking que são caminhadas em elevação; algumas lagoas tem rafting com diferentes níveis de dificuldade; tem o passeio que te leva ou de quadriciclo ou de trenó de neve montanha acima para que depois você desfrute um antar na beira de um precipício; tem as aulas de snowbording ou de ski que podem ser contratadas no pé do Cerro Catedral, o maior dos picos. Atenção para quem tem medo de altura: praticamente 80% das atividades envolvem subir num teleférico até o topo das montanhas!

Entrada do Cerro Catedral, estação de sli e snowboard
Entrada do Cerro Catedral, estação de ski e snowboard
Cerro Bayo onde andei de skibunda, já com bastante neve
Cerro Bayo onde andei de skibunda, já com bastante neve
Vista da cidade no alto do Cerro Viejo
Vista da cidade no alto do Cerro Viejo
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Topo do Cerro Campanário, outro ponto que tem visão de quase 360 graus

Para alimentação, a cidade tem muita influência suíça e francesa graças à colonização, por isso os restaurantes oferecem muitos pratos típicos. Foundue, pizzas, massas e parrilhas são os cardápios mais clássicos, depois vem os locais especializados em empanadas argentinas. No quesito sobremesa, Bariloche é a terra do chocolate, então é possível encontrar diferentes lojas que vendem o doce a cada esquina. Meu favorito foi a da maior marca da cidade, RapaNui. Os sorvetes da cidade são muito ricos também, com sabores inusitados e consistência muito saborosa. Outro detalhe são as confeitarias, que são inúmeras! Não deixe de provar as medialunas doces, que são croissants recheados e também a Tarta de Manzana, uma tortinha de maçã com ricota e açúcar que você não vai se arrepender.

O peso argentina, moeda local, está com uma cotação muito boa para o real. Troquei os valores que eu quis levar no Brasil mesmo e consegui um bom valor de troca. Para se ter uma ideia, as comidas e bebidas tem preço turístico, mas seus “valores” são diferentes do que por aqui. Uma água sem gás custava de 25 a 40 pesos, o que seria de 5 a 10 reais. O sorvete variava de 35 a 80 pesos, o que seria de 10 a 20 reais.

Toda a cidade está preparada para receber os turistas, por isso entendem um belo “portunhol” e se viram muito bem em inglês. Fui muito bem recebida em todos os locais que frequentei, recebi todas as respostas que perguntei, todos muito educados e prestativos.

Para mim, foi uma oportunidade incrível para me virar sozinha, passar um tempo comigo mesma e conhecer um local mágico. Passear pela baía do lago que contorna a cidade e ver um pôr do sol muito colorido e a imagem da imensidão da Cordilheira dos Andes com neve em seus picos é uma experiência mais do que incrível. Recomendo como viagem para família, casal ou para aventureiros que querem ficar mais no seu próprio mundo!

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Vista do porto na Villa Angostura onde se consegue ver a Cordilheira dos Andes

Jéssica Mazzola

By Jéssica Mazzola

Jéssica é jornalista, gateira e amante do inverno. Ama colecionar carimbos no passaporte e está explorando um turismo mais aventureiro nos últimos anos. Gosta de conhecer as ruas menos populares de cada cidade à procura de curiosidades e confeitarias escondidas.

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