Bruxelas, a cidade moderninha by Ana Laura Visentini

Sempre que viajo e conheço novos países, tenho o costume de frequentar locais que não estão citados nos guias turísticos. Acho que desenvolvi o hábito por ser inquieta, curiosa, e por gostar de lugares comuns e cosmopolitas. E, em Bruxelas, a cidade que escolhi para morar um tempo, os locais mais bacaninhas são, sem dúvida, desconhecidos dos turistas que chegam para curtir a cidade brevemente. 

Étangs d'Ixelles
Étangs d’Ixelles
Les Jardins Suspendus Parking 58
Les Jardins Suspendus Parking 58

Bruxelas é um dos centros mais modernos e, para mim, uma semana é pouco para sentir a cultura efervescente que a cidade oferece.Pensando assim, criei um roteiro básico para os viajantes “descolados” que pretendem dar uma passada pela Capital da Europa, com alguns lugares moderninhos que mais frequento por lá. O roteiro é especial e você não irá encontrar em outros sites de turismo.

Seguem as dicas!

Cervejas belgas, tradição:

As famosas cervejas belgas podem ser degustadas em qualquer bar da cidade e também são vendidas nos supermercados (às vezes, uma garrafinha de água pode sair mais caro).  Quanto à experiência, indico dois bares e duas cervejarias.

Bar – Moeder Lambic: o bar dos “belgas”. Reconhecido pela comunidade local e com seu posto conquistado na lista dos 10 melhores bares de cerveja do mundo, do site Rate Beer (que faz a classificação conforme a opinião das pessoas ao redor do mundo). É uma referência entre os fãs de cerveja artesanal. São duas unidades, o mais antigo em Saint Gilles, pequenininho e minimalista, e a filial pertinho da Grand Place.

Bar – Delirium Tremens: o bar dos “turistas”.  É um pub bem agradável e mundialmente reconhecido, cheio de viajantes do mundo todo a experimentar os mais de 4 mil rótulos diferentes de cerveja (Ulalá!). Ao lado da Grand Place.

Crédito foto: https://www.flickr.com/photos/maxlevay/19277847124
Crédito foto: https://www.flickr.com/photos/maxlevay/19277847124
Grand Palace
Grand Palace

Cervejaria – Brasserie Cantillon (1900): uma das mais tradicionais cervejarias da Bélgica, é especialista em cervejas do tipo “lambic“, em que o processo de fermentação é espontâneo. Além disso, também fabrica os tipos “gueuze, faro e kriek” em copos e garrafas maiores. Indico agendar a visita guiada com antecedência para não haver surpresas! Região central.

Cervejaria – Brussels Beer Project: tive o prazer de ir à inauguração dessa bela cervejaria “colaborativa” com cocriação de “cervejeiros” na região central da Bruxelas. Inaugurada em 2015, o local é um sucesso de público e seus rótulos são idealizados por 1.200 colaboradores. A cada época novos rótulos são lançados e seus “associados” recebem 12 cervejas por ano pela colaboração de 160 euros. O espaço é alegre e aberto ao público.

Dança e paquera:

Belga Café: é o meu lugar predileto em Bruxelas. Está localizado na comuna de Ixelles, em frente aos lagos, e abre todos os dias “o dia todo”. No fim de semana, sempre tem Dj ou trios de blues, bacaninhas, dando o tom à agitada noite dos ixelloises.  Vai do cafezinho à cerveja encorpada e muitos drinks também são degustados por ali. Após certo horário, os frequentadores adoram dançar no salão do café.

Café Belga

Pepete et Ronron: na esquina da feira do Châtelain. É o bar da paquera, o mais sofisticado. Gente chique que adora badalação. Geralmente, blogueiras e fotógrafos estão ali registrando tudo. Muitos cliques regados a baldes de espumante e vinho branco.

Monk Bar: em frente à Place Saint Catherine, é um típico pub neerlandês aberto o dia todo e cheio de torneiras de cerveja. Frequentado por públicos de diversas faixas etárias, o café é um charme, e em sua decoração, um longo piano fica ao fundo do bar. Saboreie as “pernas” de salame que ficam penduradas atrás do balcão, com mostarda extra forte. É uma bela experiência!

Região do Cimetière: ao redor do cemitério, essa é a região dos bares frequentados por alunos da ULB, uma das universidades da cidade. São muitos barzinhos, um ao lado do outro, com preços superatrativos, cerveja belga e gente “antenada”. Por lá, a noite rola até a madrugada. Tem para todos os gostos.

Halles Saint- Géry: localizado na região da Bourse, é o local mais “cult” e cheio de barzinhos por perto, no centre-ville. A arquitetura medieval abrigou um antigo mercado construído no séc. VXI. Hoje, um café (que vende mais cervejas do que cafés) aberto diariamente. Eventos de moda vintage e festivais de música local acontecem em seu interior nos finais de semana. Vale ficar ligado na agenda.

Crédito foto: https://en.wikipedia.org/wiki/Saint-G%C3%A9ry_Island
Crédito foto: https://en.wikipedia.org/wiki/Saint-G%C3%A9ry_Island
Centre Ville Street Art
Centre Ville Street Art

Feiras, restaurantes, doces e gastronomia:

Faça chuva ou faça sol, tradição na cidade, as feiras são diárias, e sempre, ao final de cada uma, comerciantes e clientes se juntam para bebericar cálices de vinhos e espumantes, misturados a boas risadas e descontração.

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E as mais charmosas são:

Feira – Le Châtelin: para ver e ser visto. Paquera, descontração, bares moderninhos, galerias de arte, restaurantes de alto padrão, gente chique e bonita. Assim, são as tardes de quarta-feira no petit-marchéLe Châtelin” e arredores, na comuna de Ixelles. A região é cheia de empresas e pequenos comerciantes, isso faz com que o movimento aumente, no fim da tarde, onde estouros de garrafas e cálices fazendo “tim-tim” ecoam junto ao burburinho do evento. Ao final, os frequentadores mais jovens migram das barraquinhas de vinhos e drinks para os bares ao redor da praça.

Feira – Place Saint Catherine: o petit-marché que acontece na praça em frente à Igreja Sainte-Catherine, na região da Bourse (Bolsa de Valores no centro de Bruxelas) e local do antigo mercado de peixe da cidade, é nas manhãs de sábado. A feirinha é popular e se parece com as brasileiras das grandes capitais. Entretanto, jovens ficam por ali, degustando os peixes da peixaria “La Mer Du Nord”, localizada, estrategicamente, na esquina da feirinha.

Restaurante – La Piola: restaurante italiano. Apelidei o local, carinhosamente, de “consulado italiano”. E…adivinha, 90% dos frequentadores são da Itália. O restaurante é pequenininho, serve diariamente pratinhos com delícias feitas na hora em frente aos clientes, como cortesia, basta pedir um drink spritzer ou um cálice de vinho. O horário da cortesia é das 18h às 20h, a partir disso, as mesas são disponibilizadas aos clientes com reserva e que queiram jantar. Preços justos e ingredientes frescos. Região do Châtelain.

Restaurante – La Quincaillerie: prepare a carteira, o local é um espetáculo e seu bolso sentirá isso. Mas vale a experiência. Muito charmoso e ao mesmo tempo contemporâneo, serve carnes e ostras, uma das paixões belgas. A carta de vinhos e espumantes é de “cair o queixo”. Perfeito para ir a dois. Região do Châtelain.

Crédito foto: http://www.quincaillerie.be/en/about-la-quincaillerie
Crédito foto: http://www.quincaillerie.be/en/about-la-quincaillerie

Gaufres (waffle) e chocolateries – degustando as delícias belgas:

Por todo o centre-ville, barraquinhas de gaufres e inúmeras chocolateries ficam dispostas por ali. O meu gaufre predileto é o natural, sem recheio, mas confesso que as coberturas são de “encher os olhos”. A chocolaterie mais em conta, em que o chocolate quente é de dar água na boca, é a Leonidas. Mas todas as que estão ancoradas na galeria real Saint-Hubert são deliciosas. Para presente, indico a haute chocolaterie Pierre Marcolini. Mas prepare o bolso!

Crédito foto: https://bakingmehungry.com/2012/09/21/leonidas-brussels/
Crédito foto: https://bakingmehungry.com/2012/09/21/leonidas-brussels/

Piquenique no final de tarde. Romantismo belga!

La Cambre Abbaye: apesar de a cidade oferecer muita área verde, praças e parques, e até uma floresta, o local que eu mais indico para passear e fazer um piquenique são os gramados da Abadia de La Cambre, dentro da cidade. A arquitetura que envolve a grande área é belíssima, tem uma Igreja funcionando, uma escola de altos estudos em Moda (La Cambre Mode), uma brasserie que fabrica a cerveja La Cambre, árvores decoradas, flores, gente “descolada”… tudo de bom.

La Cambre Abbey
La Cambre Abbey

Moda e muitas comprinhas:

Quem aí curte moda e, assim como eu, ama fazer umas comprinhas “gringas”? Bruxelas é o lugar certo para isso. Tem de tudo, de moda pronta e barata à moda autoral, com designers locais e cheia de “belgicismes”.

Autoral – Rue Dansaert: o “quartier” Dansaert é o quadrilátero da moda belga em Bruxelas. Com suas lojas conceito, a região abriga grandes nomes de marcas e costureiros que fizeram com que a capital ganhasse a reputação de “cidade da moda” no centro europeu. Lembra do Raf Simons, do Martin Margiela, da Daiane von Furstenberg, do Vaccarello e do Dries van Noten? Ali você encontra designers inspirados nos famosos estilistas belgas.

Fast-fashion – Rue Neuve: no centro da cidade e bem pertinho da Grand Palace está localizada a “Rue Neuve”, com seus enormes prédios, galerias e moda fast-fashion, o endereço tem o maior faturamento por metro quadrado da capital belga. Marcas: Zara, Mango, Pimkie, C&A, We Store, Promod, Naf Naf, New Look, Claire´s, Bershka, Spirit, Eram, Cielo, Benetton, Six, H&M (pelos meus cálculos são 5 lojas só nessa rua), Primark, etc.

Crédito foto: http://www.lavenir.net/cnt/dmf20131113_00388793
Crédito foto: http://www.lavenir.net/cnt/dmf20131113_00388793

Au revoir!

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By Ana Laura Visentini

Ana Laura é pós- graduada em Moda. Mora em Bruxelas, na Bélgica, e escreve sobre moda, comportamento e o estilo de vida europeu.

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