Mali: o país africano que encanta com sua cultura, história e beleza natural

O país ocupa o coração de um território que já abrigou antigos impérios e civilizações

A ideia de conhecer o Oeste da África sempre me despertou muito interesse e curiosidade. A proposta era fazer uma viagem de 4×4 pelo Mali, percorrendo todas as regiões do país. O Mali é considerado a joia do Oeste da África, um destino muito especial que possui uma rica variedade de atrações. O país ocupa o coração de um território que já abrigou antigos impérios e civilizações.

Encontrei um grande amigo em Paris e de lá voamos para Bamako, a capital do país, onde iniciamos a nossa viagem. Cortada pelo Níger, um dos rios mais longos da África, Bamako é uma cidade vibrante com bons restaurantes, hotéis, vida noturna agitada e grandes mercados de rua. As estradas do Mali estão em boas condições, apesar de estreitas são muito vazias.

Partimos de Bamako e fomos em direção a Djenné, uma das principais atrações do Oeste da África. A estrada corta vilarejos e enormes planícies. E é possível ver gigantes baobás ao longo do caminho. Tombada pela UNESCO como patrimônio da humanidade, Djenné é uma cidade espetacular, conhecida pela sua grande mesquita. A maior estrutura do mundo feita em argila. O melhor dia para conhecê-la é nas segundas-feiras, quando acontece o famoso mercado local. Infelizmente a entrada no interior da mesquita é vetada a não muçulmanos.

Peixes secos pescados no Níger, carnes, frutas exóticas, verduras, animais vivos, temperos, especiarias, couros e roupas. Mercadores negociando seus animais, crianças correndo em meio a porcos e galinhas, mães com seus bebês, muito barulho e línguas diferentes. Vagamos por horas fascinados por tudo aquilo que acontecia ao nosso redor, nos sentimos extraterrestres intrusos com nossas câmeras nas mãos.

Almoçamos num restaurante local e provamos o “captain”, um peixe grelhado no carvão eleito o prato preferido de toda a viagem. É uma espécie de carpa grelhada com manteiga e limão. A carne é tenra e muito saborosa.

De Dejnné passamos por Mopti, a segunda maior cidade do Mali e um importante porto a beira do Niger. Fizemos um passeio de “pinasse” pelo rio – uma espécie de canoa de madeira motorizada – e visitamos alguns vilarejos, mercados flutuantes e ilhas. Nos hospedamos num hotel em que o dono era um libanês, para nossa alegria o cardápio do restaurante tinha também típicos pratos libaneses.

De lá seguimos viagem em direção a lendária e isolada cidade de Timbuktu. Nosso principal objetivo da viagem era conseguir chegar nesse lugar, considerado por muitos viajantes como um dos lugares mais inacessíveis do planeta. O verdadeiro fim do mundo!

Apesar de todos os avisos de segurança das embaixadas europeias, aconselhando a não visitar essa região, decidimos ir mesmo assim. De fato éramos os dois únicos turistas na cidade. Timbuktu é uma cidade milenar com a maioria da população beduína. E está em um ponto muito estratégico, entre o Deserto do Sahara e o Rio Niger. Era o ponto final das caravanas de camelo que ligavam o Mediterrâneo ao Oeste da África, desde os tempos medievais. Foi a capital de um dos impérios mais prósperos da África, com inúmeras universidades islâmicas e mesquitas. O importante centro islâmico de uma civilização.

De Timbuktu fomos para o lugar mais fascinante do Mali, uma região chamada Dogon Country. Também tombado pela UNESCO como patrimônio histórico e cultural da humanidade, Dogon fica na região central do país e é formado por pequenos vilarejos encravados ao longo da Falésia de Badiagara. Seu povo se estabeleceu ali há mais de mil anos na tentativa de fugir do Islã. Possuem suas próprias línguas, crenças, costumes, calendários e culinária. O mais curioso é que as mulheres roubam a cena, são responsáveis por praticamente tudo na sociedade. Principalmente pelo trabalho mais pesado. Elas carregam os filhos nas costas, baldes de água nas cabeças, cultivam e preparam os alimentos. Cuidam da colheita, da troca dos produtos nos mercados, etc.

Com tantas atrações incríveis o Mali é ainda é pouco visitado. Mesmo sendo um dos países mais pobres e precários do mundo, é relativamente seguro viajar por lá. Com exceção de Timbutku, onde rebeldes separatistas recentemente tomaram o controle da região. Centenas de crianças se aproximam durante toda a viagem para pedir presentes. As condições de higiene e infraestrutura são precárias. E é muito difícil não se comover com toda aquela criançada sorridente olhando para você. Percorremos mais de 3.000 km com nossa Land Cruiser pelas estradas do país. E encerramos nossa viagem no mesmo ponto de partida: a capital Bamako.

 Informações importantes:
  • A maneira mais fácil de chegar no Mali é voando, pela linha aérea Air France via paris;
  • Visto e vacina de febre amarela são obrigatórios;
  • Para a emissão do visto o ideal é conseguir uma carta convite através de uma agência de turismo local mediante contato prévio;
  • A língua oficial é o francês;
  • A moeda é o franco;
  • Dólares e Euros também são aceitos;
  • A melhor época para ir é após a estação das chuvas, de novembro a janeiro.


Raul Frare
Curitibano, apaixonado por fotografia, aventuras, lugares remotos e culturas exóticas,
já esteve viajando e fotografando em mais de 100 países nos quatro cantos do mundo.
Autor do blog Pra la de Bagdad onde compartilha suas experiências de viagens pelo mundo.

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